sexta-feira, 14 de maio de 2010

Escolhendo as áreas

O processo da escolha das áreas foi um processo de amadurecimento que levou uns 3 meses. Nosssa área é muito heterogênea, as áreas que achamos que tinham vocação residencial são muito diferentes entre si e no começo achamos que seria possível contemplar essas diferenças na escolha final, o que na prática não se mostrou muito factível.

A primeira coisa que fizemos foi levantar as áreas passíveis de ocupação: as de mais fácil acesso para carros, com certa planicidade, etc... Fizemos um levantamento expedito com uma trena de 50m, tirando duas medidas principais - largura e comprimento. Faziamos a avaliação na hora, meio que intuitivamente.

Fizemos um croqui de cada área levantada

domingo, 9 de maio de 2010

Agroflorestando 2 - O homem e o cerrado

A consultoria do Ernst foi bastante esclarecedora. No meu caso ampliou bastante a visão de meio-ambiente que eu possuia, e de quebra serviu para embasar conceitualmente as "orientações para ocupação residencial" que estou desenvolvendo, principalmente a parte de intervenção na paisagem que estava fraca.

Ele nos passou sua visão sobre o que é cerrado, que acabamos todos concordando. Segundo o Bruno é uma visão bastante polêmica no meio acadêmico, onde domina a visão de que o cerrado é um bioma natural e deve ser preservado tal qual está, como se fosse um santuário.



A visão que o Ernst defende é antangônica a essa, para ele os campos cerrados são resultados da ação do fogo, que interrompe o ciclo de vida e destrói os nutrientes, as cascas das árvores e tal. Segundo ele a ação do fogo não é natural, é uma ação do homem que realiza queimadas ancestralmente, intencionalmente ou não. No cerrado o fogo se alastra grandemente devido a longos períodos de seca. O descobrimento da superfície e morte de micro e pequenos organismos na época da seca com fogo e a chuva torrencial na estação seguinte geram compactação e lixiviação que por sua vez geram vegetação deformada e de porte médio a baixo. Ele nos falou em dados estatísticos de que 98% das queimadas a origem do fogo é o homem, os outros 2% a origem é desconhecida, podendo ser o homem ou não.

Sendo assim, se pararmos de tocar fogo no cerrado e proporcionarmos que ele se recupere com o afofamento da terra e introdução de matéria orgânica ele evoluirá para vegetação tropical exuberante.
Então não devemos ter medo de intervir no cerrado, desde que façamos isso com critérios.

No decorrer do nosso passeio pudemos ver o caso de uma árvore de mata galeria que nasceu sob um murici do cerrado, numa área bem característica de campo cerrado, o que acaba confirmando a tese defendida pelo Ernst e encampada pelo grupo.

Sua sugestão é que devemos intervir nos campos cerrados criando um sistema de abundância apartir da criação de clareiras podando radicalmente a vegetação existente, introduzindo materia orgância e espécies adaptáveis através da técnica do ninho. Essa poda radical proporcionará que a vegetação existente rebrote e se desenvolva rapidamente junto com as espécies introduzidas, recompondo a vegetação de maneira mais densa e qualificando.

O conceito de intervenção que perpassou toda a consultoria é que os humanos têm que ter como critérios de intervenção no meio ambiente a justificação da sua presença nele. Devemos estar integrados e fazendo parte de um ciclo natural. Nossa posição nesse ciclo é de que somo animais frugíveros capazes de manejar o ambiente a nosso favor, porém favorecendo também a natureza e o ecossistema a qual estamos integrados.

Plantando o nosso alimento em sistemas agroflorestais, estamos criando também alimentos para outras espécies e proporcionando a criação de um sistema de abundância onde a água sobra ao invés de faltar.

Agroflorestando 1 - Consultoria

Surgiram duas teses quanto a contratação do Ernst:

- A antogônica a contratação nesse momento e a favor de utilizar o valor em infra-estrutura para a área dizia que, como já temos duas pessoas profissionais de Sistemas Agroflorestais no grupo seria mais interessante contratar esse tipo de consultoria depois que fosse lançado um plano inicial para que a consultoria enriqueça esse plano;

- A favorável a contratação nesse momento dizia que é interessante contratar a consultoria de uma pessoa bem experiente para ajudar nas definições iniciais no momento em que tudo ainda é possível. Depois de iniciado um projeto fica difícil revertê-lo e se for lançado alguma coisa equivocada o custo acaba ficando maior.

Como já tinhamos encaminhado tudo com o Ernst, no momento em que pintou o questionamento optamos por, se fosse o caso, dividir o valor só entre as pessoas que fossem no dia da consultoria. Depois que o tema foi tratado na oficina o grupo achou que todos pagariam, mas que esse tipo de decisão daquele momento em diante, fosse tomada com mais cuidado.

Tomando decisões

Eu já tinha ouvido falar do Ernst Gotsch, sempre com muita deferência, afinal é uma das pessoas com mais conhecimento no tema agrofloresta. Contratamos uma consultoria dele, aproveitando que ele iria passar por Brasília. Como a data era meio que um encaixe, algumas pessoas de grupo ficaram sabendo depois de tomada a decisão e acharam que seria um gasto desencessário neste momento, já que temos dois agrofloresteiros profissionais no grupo, a Fabi e o Sérgio. Esse episódio serviu para que aprendessemos que cada decisão do grupo tem que ser tomada na instância certa. Percebemos que além desse fato, algumas pessoas do grupo acabam priorizando mais a construção da ecovila que outras nas suas vidas pessoais e que muitas vezes as decisões têm que ser tomadas mesmo que todos não estejam presentes. Levamos esse tema para uma oficina de grupo e acabamos criando uma estrutura de funcionamento. Classificar os tipos de decisão que podem ser tomadas nas diferentes instâncias do grupo foi uma decisão sábia e que fará com que as coisas se agilizem e os conflitos diminuam. Nossa estrutura ficou assim, sendo depois retificada na última assembléia (os nomes - se é coordenação ou diretoria, ou o que for - ainda será definido posteriormente):

- Coordenação geral - composta por um coordenador geral e um representante das demais coordenações;
- Coordenação de comunicação - centralizar as informações e repassar ao grupo;
- Coordenação jurídica - trabalhar as questões jurídicas;
- Coordenação de vida comunitárias - trata de temas como: tipo de organização do grupo, tratado de convivência, etc...
- Coordenação de zoneamento ambiental - trata das questões teoricas sobre o tipo de ocupação que queremos fazer na nossa terra - residencial, agroflorestal, reserva legal, etc... dentro dessa coordenação tem um grupo que trabalhará a questão da infra-estrutura da ecovila;
- Coordenação de produção - referente a questões práticas de plantio, sementes, etc...;

Documentos do grupo:

- Estatuto;
- Orientações para construção;
- Tratado de convivência em grupo;
- Documento de apresentação do projeto para pessoas de fora do projeto.

Instâncias:

- Emails, boletins, rede ning - ferramenta para comunicar aconstecimentos e decisões;
- Reunião das coordenações - desenvolver e propor para o grupo questões pertinentes ao tema;
- Oficinas - nivelar as questões apresentadas pelas coordenações até o nivel de pré-decisão;
- Assembléia - retificar o trabalho das oficinas e decidir sobre questões de instimento financeiro;
- Coordenação geral -  toma decisões do dia-a-dia e define a linha geral de atuação do grupo.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Escolha das áreas das casas

As áreas são muito diferentes, cada canto tem uma particularidade mas na realidade todos os locais são bons. Quando começamos o trabalho de levantamento, eu e o Bruno, a cada área que mediamos ficavamos achando que haviamos chegado no "filé". Bom, encontramos muitos filés no decorrer dos dias, acho que tem filé pra todo mundo, precisamos achar apenas os que mais se adequam a cada necessidade.

A nossa área é bastante acidentada, as área mais ocupáveis são divisores de águas. A nossa metodologia para demarcação das áreas das casas foi a seguinte: com uma trena tiramos duas medidas principais no meio da área que achamos que dava para ocupar: uma transversal e outra longitudinal. Com essas medidas consegui chegar em um quadro de áreas que vai servir de balizador para dimensionar uma ordem de grandeza (é um método pouco preciso) que possa equiparar numericamente as escolhas.

Os platôs foram numerados até 31 e foram agrupados de acordo com o acesso, ou seja, um grupo de platôs com apenas um acesso formam uma área que deverá ser ocupada por uma família ou então mais de uma família afim que não se importe de dividir a mesma entrada, ou seja, que não se importe que o carro passe bem próximo a sua casa.

Imaginei também que devemos ter regras para ocupar a nossa área, mais ou menos como as regras de urbanização feitas nas cidades, de modo que as casas fiquem proporcionais a área que ocupam e que sejam uma intervenção harmoniosa na paisagem. Fiz uma espécie de minuta de um plano de urbanização para ser discutido pelo grupo, mas esse é um assunto para um próximo tópico.